quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A Voz do Silêncio



"Encontrei um poema com apenas dois versos que diz assim:

"Pior do que uma voz que cala - É um silêncio que fala".

Simples. Rápido. E quanta força.
Imediatamente me veio a cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas
Na quietude, depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar
Com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio a
Ante-sala do fim.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos
as palavras que são ditas indicam uma tentativa
De entendimento.
Cordas vocais em funcionamentos articulam argumentos expõem suas queixas, jogam
limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa! Diz que não me ama mais, mas não fica aí parado me olhando...
É o silêncio de um, mandando más notícias
Para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a
professora de uma creche, o silêncio é um presente.
Para os seguranças dos shows do Sepultura, o silêncio é uma
Megasena. Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura
O silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.
O único silêncio que perturba é aquele que fala.
E fala alto.
É quando ninguém bate a nossa porta, não há recados na secretária eletrônica e mesmo
assim você entende a mensagem".

Maktub

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