segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sabedoria Índigena



“Nós os índios, conhecemos o silêncio.
Não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram esse conhecimento.
“Observa, escuta, e logo atua”, nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes.
Observa os anciões para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás.
Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos, é o contrário.
Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam isso de “resolver um problema”.
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir.
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar, eu não vou te interromper.
Te escutarei.
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber e não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
É preciso pensar nas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la”.

Um dia de Silêncio



Na ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, existe um belíssimo lugar com duas lagoas unidas por um istmo. Uma é verde, e a outra, azul. Chama-se Sete Cidades a esse lugar. Numa das lagoas há um promontório que leva o nome de Ponta do Silêncio. Para lá vão os turistas para simplesmente não escutarem nada. A grande ventura é abrir os braços à aragem, fechar os olhos e escutar apenas o rumor da alma. Dá gosto vê-los em êxtase.

Não é por nada que isso acontece: vivemos uma cultura do ruído, do estrépito, dos tiros, das bombas e, 1 em especial, da constante metralha dos potentes aparelhos de som. Não basta escutar Miles Davis - a propósito, genial -, é preciso que os vizinhos saibam que gostamos de Miles Davis, é preciso que a cidade, que o bairro, que o universo saibam. Chegando mais para o nosso tempo, a estética do bate-estaca transformou-nos em metrônomos ambulantes. Não há melodia, há apenas ritmo em decibéis ferozes. Isto é: falta um componente essencial ao que chamamos música. Dentro dos carros o som é potencializado, coisa de que nos damos conta nas sinaleiras. Os motoristas, autômatos, têm os olhos vidrados e espumam pela boca. O Chaplin de Tempos Modernos já não seria aquele operário que depois de um dia de trabalho sai parafusando todos os botões que encontra pela frente. Com certeza sairia à rua com dois tampões nos ouvidos. Talvez por isso estejamos perdendo a capacidade de ouvir os outros, e na secular arte da conversação o silêncio tornou-se moeda rara. São poucos os que ainda guardam a capacidade de escutar o que dizemos. Esquecendo-se de que o diálogo é a melhor forma de convivência, e que o diálogo pressupõe pausas criadoras, e que só ouvindo podemos responder, essa gente acelerada pensa somente naquilo que dirá em seguida que não será uma resposta, mas a continuação de seu longo monólogo. Eles podem conceber que têm esse defeito, mas para dizer isso levarão horas. E ainda esperam ser absolvidos. Nos dias de hoje, o doutor da Bergstrasse número 19, o doutor do charuto, o que pregou a cura pela palavra, escreveria um erudito artigo à Sociedade Científica de Viena, expondo as vantagens da cura pelo silêncio.

Assim, vamos lutar por um dia especial, semelhante ao dia dos pais, da sogra, do papagaio. Nessa data, que as pessoas deixem de falar, que emudeçam as buzinas, que as motos e os carros não circulem. Que o orador guarde seus discursos, que o corneteiro não toque a alvorada. Que as mães, por favor, não ralhem com os filhos. Que todo movimento cesse, lentamente cesse.

Então haverá uma pausa na engrenagem do universo.

E poderemos ouvir sobre nossas cabeças um tênue ruflar: serão as asas do anjo do silêncio sobrevoando, em majestosa graça, cidades e os campos serenados. Levará o indicador sobre os lábios unidos, e em sua boca um sorriso de paz.

Pasmos de tanto encanto, nunca mais seremos os mesmos.

Fonte: Luiz Antonio de Assis Brasil, ZERO HORA, 07/07/2002.
Músico americano, considerado o ícone de jazz nos anos 50.

Em teu silêncio, em teu ser




Em teu ser encontram-se os segredos da vida, os mistérios ainda não revelados.
Em teu ser, o que é belo te aguarda.
Em teu ser encontra-se um caminho;
um caminho sereno, sábio, harmoniosoe sobretudo,
intenso o suficiente para preencher o resto da tua existência.
Em teu ser está a resposta, a razão de viver, o teu ponto de equilíbrio,
a comunicação com todo o Universo.
Em teu ser está a semelhança de Deus,
a Sua manifestação, o Seu amor, a Sua paz, a Sua Criação.
Em teu ser está a tua verdadeira morada.

www.paz.com.br

Silêncio, Moacir Sader



Longe dos ruídos,
Posso ouvir os sons da natureza,
A cantiga do vento,
O sentir da vegetação,
As vozes dos animais.

Distante dos barulhos,
Consigo alcançar o silêncio,
O meu silêncio e
Viajar pelo meu interior,
Descobrindo os sinais,
Os vestígios da presença de Deus, revelados.

Em total silêncio,
Posso intuir as vozes dos anjos,
Dos mentores espirituais
E captar as mensagens,
Levando-me à sabedoria existencial.

Com extremo silêncio,
Escuto a voz de Deus a me tocar,
Tomando-me por inteiro,
Divinizando-me de intenso amor.

Quando em absoluto silêncio,
Ouço as batidas de meu coração,
Que estão a me dizer:
Nascemos para amar,
Unicamente amar.

Deus e o silêncio


"Deus poderá alcançá-lo somente quando você estiver receptivo. Deus não é um pensamento mas a experiência de estar sem pensamentos. Ele não é um conteúdo na mente; ele é a explosão quando a mente fica sem conteúdo. Este não é um objeto que você possa ver; é a própria capacidade de ver. Não é o que é visto senão aquele que vê. Ele não é como as nuvens que se juntam no céu, mas o próprio céu quando não há nenhuma nuvem. Ele é esse céu vazio .

É o céu vazio que dá espaço para tudo que é. É esse céu vazio que é a base de tudo que existe. Coisas vêm e vão e o céu permanece o mesmo. Nuvens vêm e vão, planetas nascem e desaparecem, estrelas surgem e morrem, e o céu interior permanece o mesmo, intocado, imaculado. Chamamos esse céu interior de sakshin, a testemunha – e esse é todo o objetivo da meditação.

Vá para dentro, desfrute o céu interior. Lembre-se, o que quer que você possa ver, você não é isso. Se puder ver pensamentos, então você não é pensamento; se puder ver seus sentimentos, então você não é seus sentimentos; se puder ver seus sonhos, desejos, memórias, imaginações, projeções, então você não é nenhum deles. Prossiga eliminando tudo que você possa ver. Desse modo, um dia, o momento especial chega, o momento mais significante na vida de uma pessoa, quando nada resta para ser rejeitado. Tudo que foi visto desaparece e somente aquele que vê está ali. Este observador é o céu vazio.

Conhecer isso é não ter o que temer, e conhecer isso é estar repleto de amor. Conhecer isso é ser Deus, é ser imortal".


Osho

A Arte do Silêncio




Há duas formas de se permanecer em silêncio. Uma é o silêncio externo, a outra é o silêncio interno. Silêncio externo é facilmente praticado ao não se falar. Primeiramente você deve ter a determinação de não falar. Na cultura Indiana, o silêncio é observado muita estritamente e muitos não se permitem falar enquanto comem, durante o puja (adoração) ou serviço nos templos, enquanto estudando, e assim por diante. Esta orientação é seguida na infância, mas na escola e universidades este hábito é esquecido. A mente é mais focada e receptiva quando não se fala. O trabalho de alguém não pode ser realizado totalmente de coração enquanto se fala ao mesmo tempo. Lembre-se de falar menos.

Em nossos livros escolares nós lemos o seguinte poema:

Uma velha e sábia coruja vivia em um carvalho
Quanto mais ela via, menos ela falava
Quanto menos ela falava, mais ela escutava
Por que não podemos todos ser como o velho e sábio pássaro?

Deus nos deu dois olhos para enxergar, mas para vermos o bem. Deus nos deu duas orelhas para escutarmos mais e entendermos mais. Deus nos deu uma boca para trabalho dobrado – para comer e falar menos. Hábitos alimentares podem ser controlados através de refeições em horários específicos e não beliscando nada entre elas. Nós devemos estabelecer este auto controle tanto na alimentação quanto na fala para ajudar com nossa disciplina espiritual. Nós devemos falar menos. Aqueles que falam menos trabalham mais. Aqueles que falam mais trabalham menos. Aqueles que realmente amam trabalhar, não têm tempo para falar. Aqueles que falam, não têm tempo para trabalhar. Aqueles que possuem uma mente um pouco mais focada trabalham eficientemente e esquecem outras coisas. Então, traga autodisciplina para sua vida espiritual. Desenvolva a determinação: Se eu for ler, irei ler e não falar. Em Kriya Yoga, você é ensinado a manter a língua de uma forma específica que lhe impede de falar. Quando uma pessoa não fala, ela se torna sábia.

Paramahamsa Prajnanananda

O silêncio, um relacionamento



“Há quatro aspectos de importância vital na vida. O primeiro é o silêncio. O segundo é o relacionamento comigo. O terceiro é o relacionamento com o Supremo e finalmente vem meu relacionamento com aqueles que estão à minha volta. É realmente importante pensar nessa ordem. Mas normalmente consideramos esses aspectos em uma ordem diferente.

Estamos muito conscientes sobre os relacionamentos que temos com os outros, alguns de nós pensam sobre Deus, poucos pensam sobre seu eu interior e dificilmente alguém tem um relacionamento com o silêncio. Relacionamentos verdadeiros começam com silêncio. A partir desse espaço de quietude, você pode começar a criar um relacionamento melhor consigo, com o Supremo e com os outros”.

Jacqueline Berg

O Silêncio, L.C. de S.M.




Um dos maiores místicos da França, Louis Claude de Saint-Martin, foi chamado “O Silencioso Desconhecido” por seus discípulos. Mais do que ninguém enaltecia ele a virtude do silêncio. Escreveu que grandes verdades são ensinadas somente pelo silêncio.

É no silêncio que o Cósmico, o Ser Divino, torna-se manifesto à nossa consciência. Para que ouçamos a orientação divina, para termos lampejos de intuição, devemos aprender a silenciar a voz subjetiva do nosso pensamento.

O silêncio é um autêntico teste para aquele que, por hábito ou tendência, não pode observá-lo. 

(L.C. de S.M.).

Silenciem


Silenciem a mente, apenas ouçam os sons da natureza que estão em volta, a cantiga do rio, os insetos ao redor e a sua própria respiração. Silenciem o falar e se abram para o ouvir. Silenciem a mente.

Mesmo que pareça estar em um estado de meditação, a mente continua tagarelando. Prendam a sua atenção apenas a uma coisa, que pode ser a própria respiração ou a cantiga de um rio. Prestem atenção e se aprofundem no som que escolheram até o ponto em que este som os ajude a fazer a conexão com o aqui e o agora.

Se, mesmo assim, a sua mente insistir em tagarelar, fale com ela: “Eu estou no aqui e agora do som do rio. Conecte-me ao aqui e agora. A única verdade é o aqui e agora, o passado já foi, o futuro ainda não chegou”. Perceba se é fácil ou se é difícil e o quanto a sua mente interfere.

A mente é ardilosa, ela cria histórias e enredos, é como um peixe preso numa rede. Você nada mais é do que esse peixe se debatendo e se ferindo nas malhas da rede. Isso é a sua mente. Simplesmente, como peixe que você é, relaxe! Não se debata e nem se movimente, não sofra. Dessa forma, talvez, a malha da rede vá se relaxando e se abrindo, soltando o peixe, que volta ao oceano.

Assim tem sido a sua vida, como um peixe se debatendo, porque o peixe ainda não descobriu que as malhas da rede não existem, são criações da mente. Ao relaxar, o peixe volta ao oceano, mergulha e nada com imenso prazer de estar novamente no seu ambiente.

O oceano é a existência, é a vida, e você está na vida para viver, não para sofrer. A morte é o oposto da vida. Vida é plenitude, vida é prazer de respirar e de mergulhar na existência.

Para ter vida, é preciso estar inteiro em cada ato, desde o simples ato de respirar, de observar uma flor, o verde à sua volta, as estrelas no céu, o compartilhar com os amigos, o calor do fogo, o doce ou o salgado do alimento, é estar presente no aqui e agora. Aí sim, a meditação se torna uma extensão da própria vida.

Cada momento pode ser mágico, porque tudo é meditação, tudo é oportunidade de se conectar com o Universo. Por isso, é preciso treinar a mente. Quando falamos em meditar estamos falando em adestrar a mente.

A mente deve ser sua companheira, não sua inimiga. Quando a mente é companheira, ela não disputa espaço com a divindade que você é, ela respeita! A existência passa a ter uma estranha sensação de serenidade e paz que toma conta do seu coração, e você reconhece esse estado que não é mais tormento, desassossego, angústia, desespero ou dor, a mente se aliou ao seu próprio Eu Superior, à sua própria Divindade. Somente aí, sua Divindade começa a brilhar, começa a ocupar o seu verdadeiro lugar.

Você não está na Terra para simplesmente passar por ela, como uma formiga que passa a sua existência carregando uma folha pra lá e pra cá. Você não está na existência para isso. Está na existência para fazer desabrochar o seu melhor, o seu “ouro interno”, o seu “eu superior”. Você está aqui para cumprir a sua missão grandiosa ou pequena, a que reside no fundo da sua alma. O contato com a alma só se faz atingindo esse ponto de paz e serenidade.

Você está na existência para cumprir a sua missão, o seu aprendizado, ou a sua existência será apenas mais uma passagem por esse mundo. Não desperdice essa existência, use-a, mergulhe e aprofunde-se nela, e você se descobrirá como um ser de pura luz.

Você não será mais Maria ou José, já não será mais o que tem, porque o que você tem não é você. Você passa a ser o que você é: “luz e divindade em ação no meio do mundo.” Aí sim, você entende o velho preceito: “Eu não sou do mundo, eu estou no mundo. Eu estou no mundo para fazer brilhar a minha centelha divina”.

Caminhantes da Luz - Alma Celta